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Ordens burras, versão catchorro (2025)

1. Whatsapp
2. "É óbvio"
3. "Você fez alguma coisa" / "você tomou providências"
4. Relações mais horizontais
5. "Você tem informações que eu preciso"
6. Algumas mangas
7. "Por isso os alunos reclamam"
8. Sobre perguntar
9. "Como assim?"
10. "Aula de chinelo"


Obs: PÁGINA EM CONSTRUÇÃO!
Ainda falta escrever e reescrever muita coisa!


Essa aqui é a Selana:

Ela também aparece numa outra história: VOCÊ ATROPELOU A SELANA!


1. Whatsapp

...e isso aqui (PDF com três prints) é um dos documentos que eu incluí no processo administrativo contra mim. Ele é um diálogo, ou triálogo, no grupo de WhatsApp do RCN em 22/dez/2022, no qual a Selana é mencionada. Versão HTMLizada dele:

Etel: Prezados colegas, o ambiente aqui é também de discontração, mas aproveito este espaço para um aviso/pedido/ recomendação:
Etel: Solicito encarecidamente ao corpo docente deste departamento que não se faça refeições em sala de aula, tampouco se leve animais domésticos para este ambiente. Certamente há ambientes propícios para estas duas práticas. Além disso, o cumprimento do horário de início e final das aulas é também uma atitude de respeito aos alunos, tais como estes outros hbitos citados. Temos sistematicamente recebido reclamações de um docente deste grupo, mas vale o pedido para todos e todas.
Eduardo: Eu perguntei pra um monte de gente do IHS - professores e funcionários - se eu poderia levar a Selana pro container 16 - o perto da quadra - quando eu fosse dar aulas lá e todo mundo disse que sim sem hesitação. No ICT eu sei que ela não pode entrar...
Eduardo: Será que isso não deveria pesar mais do que essas reclamações?
Flávia: Com todo respeito, Ochs, não é adequado levar animal de estimação para a sala de aula. Muitos colegas têm animais, eu mesma tenho uma cachorra de quem fico 2 dias distante e nunca cogitei leva-la comigo para o trabalho. A sala de aula é um local de ensino e aprendizagem, processo que não pode ser comprometido com práticas que dizem respeito a nossa vida privada
Flávia: Por isso os alunos reclamam
Etel: Reforço as palavras da Flávia. Imaginem vocês se todos que tem animais domésticos, os levarem para sala de aula? Vai faltar lugar para alunos
Etel: Portanto prof. Ochs, espero que isso não se repita, até porque se os alunos estão reclamando, é porque isso os incomoda
Eduardo: Ok, um monte de alunos adoram ela, mas registrado
Eduardo: Eu tinha uma aluna antes da pandemia que às vezes tinha que levar pra aula a filha de 7 anos, que era comportadíssima, e o Edwin usou esse mesmo argumento, do "imagina se todo mundo"
Eduardo: Eu respondi o seguinte: quantas crianças tem no mundo? Vamos supor que 500 milhões
Etel: não pretendo discutir o assunto professor, interrompa essa e as demais atitudes e está resolvido
Eduardo: Imagina se todas essas crianças forem levadas pro PURO. Não vai caber mais ninguém


2. "É óbvio"

Repara: pra Etel e pra Flávia "é óbvio" que "não é adequado levar animal de estimação para a sala de aula"...

Outros trechos:

  • "nunca cogitei leva-la comigo para o trabalho",
  • "A sala de aula é um local de ensino e aprendizagem, processo que não pode ser comprometido com práticas que dizem respeito a nossa vida privada", e
  • "Por isso os alunos reclamam"...

E temos duas cerejinha no topo do sundae:

  • "Imaginem vocês se todos que tem animais domésticos, os levarem para sala de aula? Vai faltar lugar para alunos", e
  • "não pretendo discutir o assunto professor, interrompa essa e as demais atitudes e está resolvido".

Pra elas "é óbvio" que pro processo de ensino e aprendizagem funcionar direito a gente tem que deixar nossa vida privada do lado de fora, e que a gente tem que fingir que muita coisa "é óbvia"... mas pra mim é óbvio que nas matérias que eu dou esse tipo de estratégia de ensino NÃO TEM COMO FUNCIONAR.

Aliás, será que realmente "é óbvio" pra elas que a vida privada tem que ser deixada de fora? As duas são da área de Saúde e dão aulas pro Departamento de Enfermagem... elas sabem bastante sobre como as pessoas adoecem quando tentam ignorar as suas vidas pessoais, não é?

Será que esses argumentos delas são como "justificativas bolsonaristas", que servem principalmente pra deixar o outro sem conseguir responder?


3. "Você fez alguma coisa" / "você tomou providências"

À primeira vista o que a Etel e a Flávia fizeram foi perfeito. Era "óbvio" que eu era um irresponsável incorrigível que precisava ser vigiado, punido, humilhado, processado e talvez demitido - veja a ata de Schrödinger - e apareceram reclamações contra mim... elas imediatamente "fizeram alguma coisa" e "tomaram providências": deram um esporro no coleguinha irresponsável, e terminaram com "não pretendo discutir o assunto professor, interrompa essa e as demais atitudes e está resolvido".

Problema resolvido, né? E rapidinho, né?


4. Relações mais horizontais

Um bom truque pra pensar sobre grosserias é imaginar como uma certa grosseria funcionaria se estivéssemos numa situação parecida, mas mais horizontal. A Etel achou que era uma boa idéia resolver o problema das reclamações com umas grosserias - porque ela se viu como chefe de departamento. Os alunos têm que fazer montes de trabalhos de grupo... imagina se num grupo formado pelas pessoas A, B, C e D a pessoa A dá um esporro como o da Etel no coleguinha D, terminando com "não pretendo discutir o assunto, interrompa essa e as demais atitudes e está resolvido". Ia pegar super mal, né? As pessoa ia ficar famosa por essa grosseria, né?


5. "Você tem informações que eu preciso"

Uma das seções do "Caraca, até o Walter?" se chama "coisas que eu não sei", e ela termina desse jeito aqui:

...mas pode ser que ele [Walter] saiba coisas que eu não sei, que só foram ditas no Mundo da Palavra Falada, e que não estão nas três reuniões que eu transcrevi. E pode ser que seja possível fazer o Walter contar essas coisas que eu não sei.

"Pode ser que ele saiba coisas que eu não sei" é a versão tímida. A versão mais assertiva é "você tem informações que eu preciso", e é essa que eu vou usar aqui.


6. Algumas mangas

Eu tenho usado o termo "mangas" pra palavras que têm vários significados completamente diferentes... veja:

  • 2kT7 Manga
  • 2kT8 Outra manga: `→'
  • 2kT9 Outra manga: justificativa

Em 12/jun/2025 eu dei uma aula extra de Cálculo 3 que era de dúvidas e preparação pra prova. A minha turma de Cálculo 3 tá com 6 ou 7 alunos que sempre tentam fazer os exercícios e perguntam e discutem a beça, e eu resolvi plonkar os outros.

Uma das pessoas que veio nessa aula extra foi uma aluna que só fazia tipo duas perguntas por mês nas aulas "normais", e ela finalmente conseguiu fazer mais perguntas... e aí eu descobri que ela não sabia coisas básicas das primeiras aulas do curso - "set comprehensions" e operações com vetores - que são as técnicas que eu, e os alunos que participam mais das aulas, usamos em praticamente todas as contas.

Conversando com ela eu também descobri que ela passou muitas horas tentando instalar o Maxima, mas ela só pediu ajuda pro Gabriel , não pra mim, apesar dela ter lido a seção 1 daqui. Eu perguntei porquê, e ela disse que "ah, a gente aprende a ter uma relação de respeito com os professores".

"Respeito" também é uma manga. Eu entendo bem alguns sentidos de "respeito", que são os que têm a ver com as "aulas de chinelo", mas eu não tenho quase nenhum contato com os professores que dão "aulas militares", e eu TENHO A IMPRESSÃO de que os professores das "aulas militares" convencem os alunos de que É ÓBVIO que "respeito" tem um sentido só - e eu não sei quase nada sobre o que é essa noção de respeito dos "professores militares"... eu só sei que 1) os alunos que têm essa noção de "respeito" levam meses pra aprender coisas que os alunos "de chinelo" aprendem rapidíssimo, e 2) os alunos que têm essa noção de "respeito" PROVAVELMENTE são exatamente os alunos que não falam comigo - eu não consigo saber como eles pensam e só consigo descobrir que termos eu posso usar pra conversar com eles vários meses depois do fim do curso, quando eles reclamam com a coordenação...

Se pra Etel e pra Flávia "é óbvio" que "não é adequado levar animal de estimação para a sala de aula" e "a sala de aula é um local de ensino e aprendizagem, processo que não pode ser comprometido com práticas que dizem respeito a nossa vida privada", então pra mim "é óbvio" que elas entendem bastante de "aulas militares", e como elas são professoras há mais de dez anos - e na área de Saúde!!! - então elas certamente já debateram muitas vezes com o pessoal que dá "aulas de chinelo", e "é óbvio" que elas devem saber explicar as estratégias didáticas delas, e a noção de respeito delas, muito bem, inclusive pro pessoal das "aulas de chinelo"...

Elas têm informações que eu preciso.

Elas têm informações que eu preciso pra melhorar o meu diálogo com os alunos e pra reduzir o número de reprovações e reclamações. E se elas foram bem grossas comigo eu acho que eu posso, e devo, dizer "vocês têm informações que eu preciso" de modos bem grossos se eu achar necessário.

Agora uma outra manga parecida.

"Saber" é uma manga. Se numa entrevista de estágio o entrevistador pergunta pra um aluno da EP ou da Computação algo como "Você sabe C++? Você sabe React?" o aluno responde "Sei sim!!!", e a resposta do aluno quer dizer "Eu consigo aprender em uma semana"...

(^ Falta terminar)


7. "Por isso os alunos reclamam"

Vou começar pelo "por isso os alunos reclamam". Micro resumo: tem algumas coisas que eu não conseguia descobrir de jeito nenhum, como...

  • porque os alunos não faziam contas,
  • porque os alunos não conseguem fazer perguntas,
  • porque os alunos não conseguem tentar um segundo método quando o primeiro método dá errado,
  • porque os alunos não me mostram material dos outros cursos que eles fizeram DE JEITO NENHUM...

Eu consegui descobrir "porque os alunos não faziam contas" numas reclamações deles que chegaram a mim oito meses depois delas terem sido feitas, e talvez eu consiga descobrir algo sobre os três outros itens acima nas reclamações que eles vão fazer nos próximos anos.

Agora deixa eu contar a história direito.


8. Sobre perguntar

Hoje em dia em cada uma das minhas turmas de Cálculo 2 e Cálculo 3 metade dos alunos não perguntam nada de jeito nenhum, apesar de eu repetir zilhões de vezes que toda pergunta é bem vinda, de eu falar a beça sobre "músculos mentais", e de eles acabarem relendo dicas como estas - que são as mais recentes, que eu pus na última página das Dicas pra P1 de Cálculo 2 - muitas vezes...

  • um dos objetivos principais do curso é fazer as pessoas aprenderem a fazer contas que sejam fáceis de entender, de justificar e de revisar,
  • justificar "no sentido Antônio" não vale pontos - justificar "no sentido calc sem rw" é que vale,
  • pra aprender a fazer contas que sejam fáceis de entender, de justificar e de revisar você vai ter que treinar fazer os papéis (a), (b), (c) e (d) da Dica 7,
  • em algum momento você vai ser capaz de estudar fazendo perguntas boas pra você mesmo - mas dá bastante trabalho chegar até esse ponto, e o melhor modo de você chegar lá rápido é você aprender a fazer perguntas pra outras pessoas.
  • EU SEI QUE VOCÊ PREFERE FAZER PERGUNTAS PRO CHATGPT - mas lembre que os fabricantes das LLMs investiram muitos bilhões pras LLMs parecerem úteis e serem viciantes...
  • se você pensar em termos dos "músculos mentais" que você vai precisar exercitar pra passar no curso você vai ver que conversar com LLMs não vale muito a pena - estudar junto com outras pessoas (releia a Dica 7!!!) exercita um monte de músculos mentais importantes muito rápido, mas conversar com LLMs exercita só uns outros músculos mentais bem menos úteis.
  • Cada pergunta que você faz em público - na aula ou nos grupos do Whatsapp ou do Telegram - ajuda dez outras pessoas - inclusive a mim.
  • Estudar só na véspera é uma péssima estratégia - o que vai funcionar melhor é você começar a estudar com bastante antecedência. Você vai esquecer muita coisa de um dia pro outro sim, mas a cada vez você vai reaprender mais rápido e vai reter mais informações.

Além disso a partir de um certo ponto os livros de Cálculo 2 e Cálculo 3 começam a explicar coisas coisas muito complicadas em uma linha só "de sacanagem" - pra obrigar os leitores a reconhecerem que aquela explicação não faz sentido, e pra obrigá-los a expandirem aquela explicação mais e mais, com hipóteses, exemplos, verificações e contas que traduzem entre notação diferentes - até os leitores finalmente chegarem a uma explicação de meia página que finalmente tem detalhes suficientes pra fazer sentido. E o processo pra expandir essas "explicações curtas demais" passa por estes dois itens dali de cima, que eu vou copiar:

  • pra aprender a fazer contas que sejam fáceis de entender, de justificar e de revisar você vai ter que treinar fazer os papéis (a), (b), (c) e (d) da Dica 7,
  • em algum momento você vai ser capaz de estudar fazendo perguntas boas pra você mesmo - mas dá bastante trabalho chegar até esse ponto, e o melhor modo de você chegar lá rápido é você aprender a fazer perguntas pra outras pessoas.

A maioria desses alunos que não perguntam nada de jeito nenhum também não falam nada de jeito nenhum, mesmo que valha pontos, e mesmo que eu implore... e eu não consigo descobrir NADA sobre como eles pensam durante o curso. Às vezes eu consigo descobrir uma ou outra coisa muitos meses depois, mas vou falar mais sobre isso daqui a alguns parágrafos.

Na reunião em que eu fui massacrado o Antônio disse uma coisa muito sensata (aqui): "às vezes um aluno é reprovado e no semestre seguinte ele volta com outra cabeça". Bom, nem dá mais pra fazer isso de tentar reprovar muitos alunos, porque agora todo mundo sabe que eles podem fazer requerimentos de revisão de prova e pronto.

Talvez - TALVEZ - esses alunos achem que muitas coisas são "óbvias" - muitas coisas que não têm como funcionar de jeito nenhum em matérias...

2025-oficio-da-EP-resp.html#macaco


9. "Como assim?"

Nesta seção eu vou explicar um certo modo de usar "termos improvisados". Vou precisar contar uma historinha - a do truque do "Como assim?".

Até um tempo atrás eu achava que o RCN tinha duas pessoas que eram 100% muitas coisas - 100% lúcidas, 100% íntegras, 100% dedicadas, 100% capazes de pensar a curto, médio e longo prazo antes de agirem, etc e tal... e essas pessoas eram a Ana Isabel e o Walter. A Ana Isabel estragou em 2021 e o Walter estragou em 2023.

A Ana Isabel estragou em várias etapas. Alguns dias depois da minha apresentação sobre aulas por Telegram, em 2021, nós dois fomos da mesma banca de seleção de monitor, e quando nós conversamos depois da banca ela me disse que o que eu tinha falado sobre faxineiros era MUITO GRAVE, e que ela também tinha ficado MUITO ofendida por eu ter dito que nos cursos dela ela "proíbe" identificar funções com as representações gráficas delas... "COMO ASSIM, EDUARDO? COMO ASSIM, "PROÍBE"?"

Eu fiquei boladíssimo com isso durante meses - toda vez que eu lembrava dessa cena eu me imaginava tentando conversar com ela de novo, e aí eu usava um termo, digamos, "blá", e ela ficava ofendidíssima, e respondia "COMO ASSIM, EDUARDO? COMO ASSIM, "BLÁ"?" - e cada termo que eu imaginava deixava ela ofendidíssima, e eu tentava procurar com os meus botões algum termo que não deixasse ela ofendida, e eu não encontrava, e eu ficava num loop eterno.

Depois ela ainda fez outras coisas que eu achei bem ruins - por exemplo, ela apoiou o Reginaldo na história de que "as reclamações contra os meus cursos nunca pararam", e eu passei meses baratinado tentando encontrar as reclamações a que ela se referia, e não achei... e nesse caso eu achei que ela usou a confiabilidade dela pro mal.

Mas o que importa agora é o truque do "COMO ASSIM?". A grande pergunta é:

Como é que a gente lida com uma pessoa que vai ficar ofendida com qualquer termo que a gente usar?

Eu levei meeeeeeeeseeeeees pra encontrar um jeito de lidar com isso... e a melhor solução que eu achei é essa aqui, ó. Eu digo: "gente, eu procurei muito e não consegui achar um termo bom pra descrever isso aqui, então vou usar um termo que eu sei que é ruim, e aí vocês por favor sugiram um melhor. Tá?"...

E aí isso me dá um bocado de liberdade - com isso eu posso escolher termos e expressões que eu acho bons, e que são engraçados do jeito certo. Alguns exemplos:

  • Eu não sei como é que os meus coleguinhas me descreveriam, e aí eu posso usar a expressão "um irresponsável incorrigível que precisa ser vigiado, punido, humilhado, processado, e talvez demitido",
  • eu posso me referir aos meus colegas professores que "não têm tempo" de ler nada e nem de abrir link nenhum como "zumbis" ou "zumbis comedores de cérebros"; a epidemia de zumbis no PURO é o "Apocalipse Zumbi", e a revelação de que o Walter virou um zumbi é "O Sinal do Apocalipse",
  • e ao invés de usar termos sérios e paulofreireanos eu vou me referir a um certo tipo de aula como "aula militar" e a outro tipo como "aula de chinelo",
  • não acho que a Etel e a Flávia "realmente acreditem" em "deixar a vida privada do lado de fora". Eu não sei qual é o termo adequado pro oposto de "realmente acreditam", então vou usar "fingem que acreditam" e "se fazendo de burras/os".

De novo: repare que eu estou usando cada um destes termos "por falta de outro termo melhor". As aspas são importantes.


10. "Aula de chinelo"

Há mil anos atrás, quando eu tava na PUC-Rio, uma conhecida minha, a Juliana Valério, me contou de uma resposta que ela deu numa reunião. Ela dava umas aulas no Ciclo Básico, e um professor de uma das Engenharias resolveu reclamar dela. Foi assim:

- Me disseram que você dá aula de chinelo.
- Eu dou aula de Matemática.

Eu acho essa resposta tão genial que é até difícil explicar ela em mais palavras. Pra Juliana o foco era a Matemática, e quando a gente tá realmente focado na Matemática a roupa é irrelevante; pro engenheiro a gente só pode dar aula com a roupa certa; pra Juliana - e pra mim - o engenheiro nem sabe que que é foco direito...

No caso das minhas aulas alguns alunos - que provavelmente eram os que não falavam comigo de jeito nenhum - reclamaram que eu dava aula com a roupa errada, que eu almoçava [enquanto eles tavam todos ocupados fazendo exercícios], e que eu levei a Selana [em algumas aulas extras que eram só de exercícios e dúvidas e que eram no container perto da quadra]. E eu só soube das reclamações deles meses depois...

(Falta explicar melhor os termos "aulas militares", "aulas de chinelo", "alunos militares", "alunos de chinelo", "professores militares", "professores de chinelo", etc)