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Caraca, até o Walter???
- 1. Introdução
- 2. A base (está no RCN)
- 3. Não tem nada a ver com o RCN
- 4. Coisas que eu não sei
- 5. Judicializar
- 6. Abjetificação
- 6.1. Caitlin Johnstone
- 7. O Zen e a arte da manutenção de motocicletas
- 8. O trabalho do departamento
Esta página é parecida com a "VOCÊ ATROPELOU A
SELANA!",
mas é sobre argumentos absurdos ainda mais difíceis de responder.
Primeira versão mostrável desta página: 08/maio/2025.
Até pouco tempo atrás eu considerava o Walter a pessoa mais lúcida
do RCN... mas acho que ele estragou.
Na reunião do RCN de 30/jan/2025 ele
disse essas coisas aqui - clique nas timestamps pra entender o
contexto,
- 51:46 ...tem que repensar o que está acontecendo...
- 52:10 ..não li e não vou ler nenhum documento...
- 53:30 ...judicializar a coisa só vai
- 53:32 piorar ainda mais tanto o clima
- 53:34 quanto as relações internas e externas
- 53:36 do professor com os alunos e com a
- 53:38 coordenação de curso.
...e na reunião de reunião do RCN de
27/mar/2025 ele disse isso aqui:
- 32:33 - [Walter] Então eu vou repetir para você a única
- 32:35 coisa que eu posso dizer em relação a isso -
- 32:36 de novo, que eu já te falei da outra vez.
- 32:38 Na minha modesta opinião você tá
- 32:40 concentrando esforços numa posição
- 32:42 completamente equivocada. O seu problema
- 32:45 não está no RCN - o seu problema está na
- 32:47 sua relação com seus alunos e com a
- 32:49 coordenação de curso. Isso chega ao RCN
- 32:52 porque você tem tido problemas na sua...
- 32:56 no seu posicionamento como docente, na
- 32:57 sua condução como docente. Quando esses problemas
- 33:00 que você tem como docente, seja com os
- 33:02 alunos, seja com a coordenação do curso,
- 33:05 acabarem você vai verificar que não há
- 33:07 problema nenhum mais em relação ao RCN.
- 33:09 Então, de novo, vou te dar humildemente o
- 33:12 meu conselho. Concentre sua energia e
- 33:15 seus esforços em resolver os seus
- 33:17 problemas que você tem sala de aula com
- 33:19 seus docentes. Quando isso acabar você
- 33:21 vai ver que não há problema nenhum entre
- 33:23 você e o RCN. Você tá gastando energia
- 33:25 onde não é absolutamente necessário e
- 33:28 relevante. É a única coisa que eu tenho
- 33:30 te falar sobre tudo isso. Você tá
- 33:32 desperdiçando o seu tempo, a sua energia,
- 33:34 e tá levando todos nós a ter novamente um
- 33:38 gasto de energia e despendendo tempo
- 33:41 onde não é necessário. A sua conduta como
- 33:43 docente tem que ser modificada. Você
- 33:46 assuma isso e trabalhe em cima disso - vai
- 33:48 ser muito mais produtivo para todo mundo.
- 33:51 Era isso.
Eu achei isso muito louco, muito louco mesmo... eu reli isso um
montão de vezes pra tentar entender, e o único modo que eu encontrei
pra entender isso que faz pelo menos sentido suficiente pra eu
poder responder é o que eu vou explicar abaixo, que conecta o "não li e não vou ler nenhum documento" de janeiro com o "o seu
problema não está no RCN" de março.
Pra mim - PRA MIM - as reclamações, ofícios e processos
contra mim são como um castelo de cartas, e se a gente tira algumas
das cartas que estão na base - por exemplo mostrando que as acusações
delas são falsas - todo o resto desaba...
Na reunião de março eu tentei mostrar pros meus colegas o material
dessa página aqui - "Vc não deu VS" pra
ver se eles tinham algo a dizer - e fui
ignorado. O "Vc não deu VS" mostra:
- uma acusação falsa e uma afirmação falsa,
- que pra mim - PRA MIM - estão na base de todo o resto,
- que podem ser entendidas bem rápido,
- que as provas de que elas são falsas também podem ser entendidas bem rápido, e
- que a gente pode conversar facilmente com todas as pessoas envolvidas,
- PORQUE elas foram feitas por dois membros do RCN -
Reginaldo e Rômulo,
- contra um outro membro do RCN - Eduardo (eu),
- e que estão num relatório que
esses dois membros do RCN fizeram,
- que consta de um processo
administrativo aberto pela chefe do RCN (Etel) contra um membro
do RCN (eu),
- e que era o relatório final de uma
comissão que também era 100% coisa do RCN, e que estragou
rapidinho...
- ...e que nunca desestragou, e que continuou gastando o tempo de
todo mundo do RCN "para o mal"...
Sobre "gastando o tempo de todo mundo do RCN", veja por exemplo
estes trechos da reunião do RCN de
27/julho/2023:
- 10:00 [Eduardo] o Fábio ... me disse uma coisa genial ... vertigem
- 10:44 [Eduardo] não tenho nenhuma prática de conviver com
pessoas que não têm tempo de abrir links
- 11:03 [Eduardo] Então sugiro que a gente pergunte pra comissão de acompanhamento
- 11:53 [Etel] processo administrativo disciplinar
- 19:30 [Rômulo] é a palavra do professor contra
- 22:01 [Rômulo] que a comissão de acompanhamento de Cálculo
2 e 3 iria elaborar um parecer
- 22:13 [Rômulo] que essa comissão encerrou os seus
trabalhos menos de 60 dias depois de constituída
- 23:16 [Eduardo] eu não recebi esse e-mail sobre o final
- 23:31 [Eduardo] eu nem sei se o Antônio sabe que essa comissão acabou
- 41:24 [Etel] somente o reitor
- 44:28 [Eduardo] público e fácil de consultar por alguma instância superior
- 46:48 [Rômulo] E a fala do Eduardo ela não evolui
e a seção "algumas
datas" da minha resposta ao ofício do RGN de 2025.
Agora deixa eu voltar pro Walter. Pra ele o "Vc não deu VS", que pra - PRA MIM
- tinha tudo a ver com o RCN pelos motivos acima, e que eu tentei
discutir na reunião de março/2025, não tinha nada a ver com o
RCN. Como pode? Como pode?
Bom, se o "não li e não vou ler nenhum documento" dele - daqui: RcnJan2025#52:10 - for 100% sério então tudo que ele sabe sobre os
problemas dos meus cursos é o que ele ouviu nas três reuniões acima.
Quando ele falou "o seu problema não está no RCN" - aqui: RcnMar2025#32:33 - eu fiquei tão surpreso que só consegui responder
"Obrigado, Walter!", e fui pra casa pensar... mas se eu tivesse
conseguido montar em instantes algum modelo mental de como o Walter
estava pensando, ao invés de levar semanas, aí talvez tivesse
acontecido algo como isso aqui...
Ali a pergunta natural seria:
Walter, como você tem tanta certeza de algo sobre o
qual você sabe tão pouco?
E a resposta natural - não a que ele, Walter, responderia, mas
a que está clara pra qualquer pessoa de fora - seria:
Ora, bolas, porque várias pessoas em que eu, Walter,
confio, contaram a versão delas da história nas reuniões dos dias
tais e tais... e pra mim a palavra delas basta, e a palavra do
Eduardo vale tão pouco que eu não pretendo nem mesmo olhar nenhum
documento que ele resolva compartilhar - e também não pretendo
gastar nem uns poucos segundos do meu tempo imaginado como é estar
no lugar do Eduardo, ou o que eu faria no lugar dele...
Deixa eu fazer uma introdução. Existem o Mundo da Palavra Escrita e
o Mundo da Palavra Falada, e eles funcionam mais ou menos assim:
- as pessoas do Mundo da Palavra Falada consideram que é impossível
se comunicar direito por escrito, porque por escrito não tem tom de
voz, não tem olhar e não tem expressões corporais, então a chance da
gente entender errado o que a outra pessoa escreveu é muito grande,
- as pessoas do Mundo da Palavra Escrita passaram anos treinando reler as suas mensagens um
monte de vezes antes de mandá-las, e elas têm um monte de técnicas
pra reduzir a possibilidade de mal entendidos... e elas também
treinaram ler as mensagens dos outros de vários jeitos, atribuindo
diferentes tons de voz e intenções a elas, e treinaram como
escolher a melhor interpretação pra responder, nesse sentido aqui:
"charitably reconstructing exactly what your interlocutor means
to say",
- as pessoas do Mundo da Palavra Falada morrem de medo de terem as
suas falas tiradas de contexto,
- quando as pessoas do Mundo da Palavra Escrita vêem que coisas que
elas escreveram foram tiradas de contexto elas respondem mostrando
qual era o contexto,
- as pessoas do Mundo da Palavra Escrita sabem que a comunicação às
vezes é muito difícil sim, porque as pessoas pensam muito diferente
- mas quando uma outra pessoa escreve algo muito estranho elas podem
reler aquilo muitas vezes, e podem até conversar com amigos pra
tentar entender,
- as pessoas do Mundo da Palavra Falada frequentemente cortam a
comunicação porque a outra pessoa não conseguiu uma resposta boa o
suficiente a tempo, ou porque ela errou o tom de voz,
- as pessoas do Mundo da Palavra Escrita acham que quando a gente
fala algo errado num e-mail é bem mais fácil consertar depois do que
quando a gente fala algo errado numa conversa por voz.
- as pessoas do Mundo da Palavra Falada acham que quando acontece
um mal entendido o melhor modo de resolver ele é "sentar e
conversar" - que é uma expressão que eu nunca entendi direito, e que
parece que envolve muito mais coisas do que só "sentar" +
"conversar"... parece que esse "sentar e conversar" tem um monte
de códigos que são óbvios pra todo mundo menos pra mim, e que
ninguém consegue me explicar direito quais são.
Eu até já pensei em tentar conseguir uma carteirinha que dissesse
algo como "O portador desta carteira tem alguns traços autistas, mas
não o suficiente pra ser considerado autista. Em particular, ele
se comunica mal por voz e se comunica muito melhor por escrito".
A reunião em que eu fui massacrado foi em
09/ago/2022, eu soube informalmente da existência do processo administrativo
contra mim em 10/fev/2023, e eu só soube quais eram as acusações do
PAD em 31/maio/2023. Como nada fazia sentido eu passei meses
organizando e indexando todos os documentos que eu encontrava que
podiam ser relevantes pro PAD, e assim que o PAD começou oficialmente
eu mandei pra comissão dele um PDFzão de 228 páginas com todos os 55
documentos que eu tinha juntados num só. Aos poucos eu fui
acrescentando mais coisas nele, e hoje em dia ele tem mais de 150
documentos e mais de 600 páginas.
Eu conheço o que está nessas (mais de) 600 páginas muito
bem...
...só que muitas coisas importantíssimas pro processo ou nunca
foram postas por escrito - porque muitas das pessoas envolvidas são do
Mundo da Palavra Falada - ou a gente não conseguiu cópias delas.
O exemplo mais gritante disso é uma ata de Schrödinger, que às
vezes existe e às vezes não existe. Vou falar sobre ela em itens:
- Na minha reunião com a Etel e a Flávia a Etel menciona que leu o meu e-mail de 500 linhas, mas eu fiquei com a
impressão de que ela deu muito pouca bola pro meu e-mail e muita
bola pras pessoas que convenceram ela de que eu era um
irresponsável incorrigível que precisava ser vigiado, punido,
processado, e talvez demitido,
- nessa reunião ela também diz que
"nós não temos mais tempo nesse momento de testar novas
abordagens pedagógicas", "a gente tem que ir pelo caminho que
sempre deu certo", e que as "novas abordagens pedagógicas" têm que virar uma disciplina
optativa. Eu acho isso muito louco, porque todas as pessoas que
eu conheço que têm mais de 12 anos de idade sabem que os
livros de matemática nunca são suficientes... então a Etel
foi convencida por alguém, e esse alguém deve ter sido convencido
pelo Reginaldo, porque eu tenho alguns registros do Reginaldo
falando isso do "crie uma optativa"...
- nessa reunião ela lê trechos da ata
da reunião em que eu fui
massacrado,
- Em 28/maio/2023 eu mandei um e-mail pro Fábio pedindo uma cópia
dessa ata,
- e em 29/maio/2023 o Fábio cruzou comigo no térreo do prédio
alugado e me disse que essa ata não existia, que tudo foi
conversado por voz.
- Em 08/jul/2023 a Etel deu um depoimento pra comissão do PAD e ela
disse que tinha essa ata e que ia mandar uma cópia dela pra
comissão - mas essa ata nunca apareceu.
Vamos imaginar que essa ata de Schrödinger é metade escrita e
metade falada. Eu fico imaginando que ela deve explicar porque é que é
tão óbvio que eu sou um irresponsável incorrigível que
precisa ser vigiado, punido, processado, e talvez demitido, que nem é pras pessoas tentarem entender a minha versão da
história... só que eu nunca tive acesso a quase nada dessa ata - nem
da metade escrita dela e nem da metade falada dela - exceto pelo que a
Etel leu aqui, que é muito pouco.
Agora deixa eu voltar pro Walter.
Pelo que eu sei do Walter ele transitava bem pelos dois mundos - o
Mundo da Palavra Escrita e o Mundo da Palavra Falada.
Pra quem vive só no Mundo da Palavra Escrita soa muito, muito,
muito absurdo o Walter ter dito coisas como "não li e não vou ler
documento nenhum" e "o seu problema não tem nada a ver com o RCN" -
mas pode ser que ele saiba coisas que eu não sei, que só foram ditas
no Mundo da Palavra Falada, e que não estão nas três reuniões que eu
transcrevi. E pode ser que seja possível fazer o Walter contar
essas coisas que eu não sei.
O único modo que eu encontrei pra entender o que o Walter falou
sobre judicializar -
- 53:30 ...judicializar a coisa só vai piorar ainda mais
...foi esse aqui.
As pessoas que fazem os trabalhos administrativos chatos que
ninguém mais quer fazer merecem todo o nosso apoio e impunidade
total. Eu já tentei mostrar que algumas dessas pessoas fizeram algumas coisas graves que merecem pelo menos
um puxão de orelha, mas me parece que o Walter está dizendo que não -
que o que eu tentei mostrar não interessa pro departamento, e que
não é pra judicializar... e portanto o puxão de orelha não pode vir
nem de dentro do departamento e nem de fora do departamento. Eu
acho isso ruim, porque:
Além disso elas já judicializaram - elas já abriram um
processo admistrativo contra mim que eu levei meses pra descobrir
quais eram as acusações dele, e quando eu descobri eu vi que ele era
tão mal feito que a única coisa bem documentada nele era que em 2022.1
eu tinha dado uma VS extra pra cada uma das minhas turmas depois do
fim do semestre... aí eu mostrei pra banca do PAD as provas de que essas VSs extras tinham sido
feitas a pedido da Etel, e - PLIM! - levei uma advertência por
seguir ordens absurdas, e só.
Era pra Etel também ter tentado evitar judicializar? Ou já
que ela estava fazendo trabalhos administrativos chatos ela podia
fazer qualquer coisa e tudo bem?
O tom do Walter era de "não adianta, Eduardo, a gente não vai ouvir
você" - e talvez ele tenha falado isto,
- 32:57 ...sua condução como docente. Quando esses problemas
- 33:00 que você tem como docente, seja com os
- 33:02 alunos, seja com a coordenação do curso,
- 33:05 acabarem você vai verificar que não há
- 33:07 problema nenhum mais em relação ao RCN.
que me parece com a técnica das "justificativas bolsonaristas",
pra sinalizar que ele pretende tornar a discussão racional
impossível.
Que que a gente faz numa situação dessas? Bom, hoje em dia metade
do que aparece nas minhas timelines no Facebook, no Twitter e no
Instagram são notícias sobre Gaza, Israel, genocídio, e sobre como a
grande mídia tenta fingir que o que está acontecendo na Palestina é
uma catástrofe natural, como um terremoto... então é natural a gente
começar comparando tudo isso com Israel e Gaza. Mas por onde a gente
começa? Por algumas das notícias, que são centenas? Quais? Bombardeio
de hospitais com a desculpa de que o Hamas guardava armas atrás do
tomógrafo? O caso das ambulâncias, em que "The UN said the ambulances and
other vehicles were buried in sand by bulldozers alongside the bodies
of the dead, in what appears to have been an attempt to cover up the
killings"? Ou por algum meme? Que tal o do "everything is Hamas"?
Outra possibilidade é a gente procurar ler quem está pensando
nessas coisas há décadas - por exemplo, a Judith Butler. Aqui tem um
resumo de algumas idéias do "Precarious Life":
- 34:41 ...that when governments call people
- 34:42 'dangerous' in this way
- 34:44 they're using performative speech:
- 34:48 they say it
- 34:49 and they make it so.
- 34:51 But what's happening here
- 34:52 isn't subjectification,
- 34:55 it's 'abjectification',
- 34:57 creating non-subjects,
- 34:59 non-people, who exist outside the law
- 35:02 and who can therefore be treated
- 35:04 any way the government likes.
- 35:05 I mean, we don't need trials
- 35:06 and evidence for them
- 35:08 'cause they're the bad guys!
- 35:10 If they have their rights violated
- 35:11 or they die
- 35:12 well, you shouldn't care about that
- 35:14 because they were never really alive
- 35:16 in a way that mattered.
- 35:17 In fact, if you do care
- 35:19 about what happens to them
- 35:20 then that's suspicious.
- 35:23 You're not gonna sympathise
- 35:24 with the bad guys,
- 35:27 are you?
Isso é uma idéia bacana: por um processo de "abjetificação" eu
virei um pária no RCN e agora as pessoas não pensam mais em como seria
se elas estivessem no meu lugar e nem no que elas fariam no que elas
fariam se estivessem no meu lugar... veja também estas notas sobre o "A
vida dos animais", do J.M. Coetzee.
Outra possibilidade é a Caitlin Johnstone. A Caitlin Johnstone
escreve principalmente pra pessoas que lêem notícias demais, que estão
soterradas por notícias horríveis que não saem nas grandes mídias, e
que às vezes entram em loops mentais paralisantes em que elas ficam
procurando respostas pra discursos sionistas que aparentemente não têm
brechas, como o do meme do "everything is Hamas" - e às
vezes ela escreve coisas que nos ajudam, ou pelo menos me ajudam, a
sair de alguns desses loops mentais.
Aqui tem alguns posts dela:
Num outro texto eu citei o "Bloody Sunday"
como um filme "que todo mundo assistiu". Agora eu vou citar um
livro "que todo mundo leu" quando eu era adolescente, que é "O Zen e a arte da manutenção de motocicletas". Vou
abreviar o título dele como "ZAMM", e o que nos interessa aqui é o capítulo 13 dele - principalmente a parte sobre dividir um conceito em vários.
Vou copiar um parágrafo dessa parte pra cá:
Lembro-me que, quando li essas anotações pela
primeira vez, reparei na excelência analítica que elas demonstravam.
Ele evitou dividir a Universidade em campos ou departamentos e lidar
com os resultados dessa análise. Evitou também a divisão tradicional
entre corpo discente, corpo docente e administração. Quando se
divide a Universidade dessas duas maneiras, o que se obtém é mais ou
menos o que se poderia obter pela leitura do anuário da faculdade.
Fedro, porém, distinguiu a "Igreja" da "localização"; e, uma vez
feita essa distinção, a mesma situação monótona e imponderável que
se reflete no anuário é vista de repente com um grau de clareza que
antes não era possível. Baseado nessa distinção, ele conseguiu
explicar vários aspectos normais, mas enigmáticos, da vida
universitária.
Eu passei semanas achando que as falas do Walter eram tão
incompatíveis com a racionalidade que não daria pra usar as técnicas
do "Zen e a arte da manutenção de motocicletas" nelas de jeito
nenhum... mas aí um dia eu reli tudo que ele falou, encontrei isso
aqui,
- 31:46 - [Walter] Ah, ok. Então nada que tenha a ver com o
- 31:49 trabalho do departamento.
...e vi que dá pra resolver uma parte do problema dividindo "o
trabalho do departamento" - ou "o trabalho do chefe do departamento" -
em várias partes, assim:
- O "trabalho do departamento" certamente inclui as
tarefas administrativas chatérrimas, como cuidar de toda a
burocracia de concursos. O Fábio se voluntariou pra ser chefe do
departamento e com isso ele assumiu um monte de tarefas que
precisam ser feitas mas que todo mundo odiaria fazer, e ele
merece todo o nosso apoio por isso.
- Numa situação ideal o "trabalho do departamento"
incluiria criar um coletivo em que
as pessoas confiassem minimamente umas nas outras e pudessem
trabalhar juntas. Mas nós não estamos numa situação ideal - pelo
contrário, o RCN é claramente um departamento que foi pro brejo.
- Mesmo em coletivos muito saudáveis é bem complicado lidar com uma
situações como a que a gente tem agora, em que alguns membros
fizeram acusações falsas contra um outro. Mas nós não somos um
coletivo saudável, e o departamento tem que continuar
"funcionando" - no sentido de "fazendo suas tarefas
administrativas". Com isso o "trabalho do departamento" aumenta
um pouco, e há duas opções:
- ou o "trabalho do departamento" passa a incluir "apoiar acusações falsas",
- ou o "trabalho do departamento" passa a incluir "consertar acusações falsas".
O Walter pode ter decidido que as pessoas do departamento são tão
frágeis que o único jeito dele ajudar o departamento agora é "apoiar acusações falsas". Mas isso não tem como funcionar a médio
e longo prazo - acho que ele deveria tentar se reconectar com a pessoa
incrivelmente madura que ele já foi, e tentar ajudar os coleguinhas a
"consertarem as acusações falsas".
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