|
Devolutiva da devolutiva (2025)
- 1. A primeira fala da Bel
- 2. Devolutiva da devolutiva: alguns erros
- 3. Tom
- 4. Foi decidido em reunião
- 5. Códigos
Veja a página da reunião do RCN de
26/jun/2025.
Pra ter uma noção das notas antes e depois dos requerimentos de
revisão de prova veja aqui.
Ainda falta escrever as últimas seções!
Na reunião do RCN de 26/jun/2025 a
Ana Isabel fez várias falas importantes; pra entender melhor o
contexto veja a página sobre a
reunião. Pra ir pro ponto onde a "primeira fala da Bel" começa - na
verdade é a primeira fala dela que é importante pra mim - clique
nesta timestamp: 00:47:20; esse link vai pra transcrição, e
lá as timestamps são links pra pontos do áudio no Youtube. Eu deletei
algumas das hesitações da Bel - alguns "é..."s e algumas outras.
- [Bel] Nós nos reunimos e... após todo o trabalho de revisão nós
tivemos uma reunião presencial pra poder discutir esse
encaminhamento. Eu vou procurar falar em três partes. Na parte 1 eu
vou dar o contexto de como as coisas aconteceram, no segundo momento
eu vou fazer a a devolutiva de fato, e no terceiro momento a
recomendação que a banca tem.
Vamos lá. O contexto é que, primeiro, lembrando que a revisão de
prova é um direito do estudante, né, e é assegurado no Regulamento
de Graduação... e desde o momento que ele tem direito ele pode
solicitar no departamento fazer revisão de prova especificando qual
questão que ele tá solicitando revisão e por quê.
Essa maneira, né, de atuar, de fazer pedido, é... normalmente,
né... quer dizer, "normalmente" não. Há um tempo atrás, na minha
vivência anterior, né, eram pedidos esporádicos, né... mas aqui no
RCN não é esporádico - tá virando regra. E já tínhamos falado isso
na última reunião, que eram 16 pedidos... esse semestre agora foram
11 pedidos da P1, e nós já estamos agora reservando espaço na nossa
agenda pra P2, pra reposição, pra VS, né... então isso tudo é mais
trabalho pra gente... tá ficando até engraçado, porque de todos os
professores do RCN já tem dois que já foram acusados de perseguição
ao professor, então eles nem participam mais dessas bancas... então
são sempre os mesmos, então tem que ser o Fábio (Gonçalves), o Fábio
(Freitas), o Antônio e a Ana Isabel. Então acaba sendo uma
sobrecarga, a gente tá no meio de uma loucura de trabalho... o
Fábio, então, tá na chefia, é uma loucura... pra quem não tem um
pouco dessa dessa experiência na chefia eu digo o seguinte: desde o
momento que tudo virou online certos acessos só o chefe faz, então
tem muito trabalho burocrático e que só o chefe... nem subchefe pode
fazer, o secretário não pode fazer... então o acúmulo de trabalho do
chefe é absurdo, e inclusive ele tá sendo acusado de demorar...
Enfim, desculpa... então, nós recebemos 11 pedidos de revisão de
notas e dentro desse contexto queremos fazer a observação de que na
prova escrita, o enunciado... fala mal da banca explicitamente, tem
ataques à banca, e isso... até o próprio professor Fábio Freitas já
disse, pô, "não me importo nem pouco de participar, mas é
desagradável, é humilhante, é revoltante você ainda participar com
dedicação extra, sabe, do seu horário... e ainda tem um, um, um
colega botando lá... falando mal da banca... e na prova, tá!"
Esse é o contexto. Agora a devolutiva.
Devolutiva: é o seguinte. Nós discordamos dos critérios de
correção usados pelo docente basicamente por dois motivos.
Primeiro, por vários dos critérios não serem compatíveis com os
objetivos da disciplina. E outro, por não ser compatível com a nossa
visão de avaliação de aprendizagem... eu indico... tem livros
maravilhosos, tem um autor chamado Luckesi, que ele tem um livrinho
chamado Avaliação da Aprendizagem, que é maravilhoso, que fala de
"componente do ato pedagógico"... Avaliação da Aprendizagem é toda
uma área de pesquisa, e eu acho que que falta ao docente talvez um
pouco sobre a avaliação da aprendizagem... desse ato pedagógico.
E, é, essa noção, né, no de... é, é, de avaliação, a visão de
avaliação que não é compatível com... com os membros da banca geram
desmotivação, geram evasão, geram muitos problemas, além do... do...
do problema da banca, né, de ter que ficar toda... agora toda a
prova, além de ser ofendido ainda tem que trabalhar extra.
É... outra devolutiva é que a formulação das questões amarra,
né... representações de justificativa, né, que o aluno tem que
justificar de uma forma amarrada, que é aquela como exatamente como
o professor escreve, senão ela não é considerada. E representações
que, por exemplo, muitos de nós nem conhecíamos.
Outra devolutiva é que o tipo de resolução exigida não consta de
nenhum livro da bibliografia da disciplina... os alunos é, não podem
nem dizer "não entendi isso aqui, eu vou estudar pelo livro"... não
pode, porque exatamente o que tem que ser escrito não consta dos
livros. E isso, na nossa visão, da banca, acaba fazendo com que os
alunos não estudem por livros, isso numa universidade para mim é um
contra-senso... eles são obrigados a estudar apenas pelas notas de
aula do professor.
Existem observações nas correções da prova do tipo "você
resolveu pelo método que vale menos ponto". Então o aluno escolhe um
método, e tem um método que vale menos ponto do que outro. E coisas
do tipo, num enunciado... "resolva pelo método rápido". Que que é o
método rápido? Enfim... e tem mais, tá? A gente resolveu aqui ser
breve... E, frente a isso tudo, a gente tem uma recomendação... bom,
só para dar uma satisfação primeiro, né? Todo o trabalho está sendo
feito, quer dizer, da revisão já foi feita só falta acabar os
relatórios... porque tem um relatóriozinho para cada aluno...
a recomendação é... uma das ideias, né, mas precisa ser essa...
mas é, primeiro... é que a banca entendeu que tem que mudar isso. A
gente já cotou isso na outra reunião... e não... não existe nenhuma
sensibilidade para mudar essa situação, né muito pelo contrário... a
banca ainda tá sendo atacada... então a nossa recomendação é que
haja uma mudança no horário do professor pra minimizar os problemas,
né... é... alterar como, né, o horário do professor? na hora de
abrir a turma... porque tem a turma do professor e tem as outras
turmas alternativas da mesma disciplina... a nossa sugestão é que
todas fiquem exatamente no mesmo horário - a turma oficial e a turma
alternativa de Cálculo 2. Todas no mesmo horário para dar, é...
todos os alunos ali se inscreverem. E aí o professor vai ter que se
adequar ao horário das turmas, ou mudar a disciplina, eu não sei
direito, né... eu deixo aí por favor com Fábio, ou com Antônio,
também... que estão aí pra... pra completar. Eu não sei se eu ajudei
aí, ô Fábio... é um resumo...
A devolutiva da Bel não foi posta por escrito e eu duvido que vá
ser, mas vou respondê-la por escrito mesmo assim. Vou dividi-la em
itens - estes aqui:
- (00:50:20) "o enunciado... fala mal da banca
explicitamente, tem ataques à banca"
- (00:50:59) "Nós discordamos (...) dos critérios de
correção usados pelo docente (...) por vários dos critérios não
serem compatíveis com os objetivos da disciplina... e outro, por
não ser compatível com a nossa visão de avaliação de
aprendizagem".
- (00:51:24) "Tem... indico, né, tem livros
maravilhosos, tem um autor chamado Luckesi, que ele tem um
livrinho chamado Avaliação da Aprendizagem"
- (00:52:21) "outra devolutiva é que a formulação
das questões amarra representações de justificativa, que o aluno
tem que justificar de uma forma amarrada, que é aquela como
exatamente como o professor escreve, senão ela não é
considerada."
- (00:52:47) "o tipo de resolução exigida não consta
de nenhum livro da bibliografia da disciplina"
- (00:53:06) "o aluno não pode nem dizer `não
entendi isso aqui, vou estudar pelo livro', e isso acaba fazendo
com que os alunos não estudem pelos livros, e isso numa
universidade é um contra-senso... eles são obrigados a estudar
apenas pelas notas de aula do professor"
- (00:53:33) "existem observações nas resoluções do tipo
`você resolveu pelo método que vale menos ponto'. Então o aluno
escolhe um método, e tem um método que vale menos ponto do que
outro"
- (00:53:46) "Que que é o método rápido?"
- (01:44:09) "Que que é manga? Eu não sei o que é
manga!"
- (00:59:53) "realmente tem muito material
escrito... sobretudo... eu não li não - sabe porquê? porque não
dá tempo, gente..."
- (01:01:10) "a segunda maneira de passar na
disciplina é chamando ele de louco, ir à coordenação (...) que eu
não acho proveitosas, não acho pedagógicas, não acho
instrutivas...
- (00:59:58) "e ainda ter que participar de banca
de revisão de prova, fora as minhas turmas, imensas, de 40 e
tantos alunos, eu tenho que ver o dos outros?"
Aqui estão as minhas respostas:
- A Bel disse - no 00:50:20 - que "o enunciado...
fala mal da banca explicitamente, tem ataques à
banca", mas a prova que os alunos fizeram tinham exatamente as
páginas 2-5 daqui: P1 com gabarito. Repare que
a página 1 desse PDF tem o título, a página 2 tem as questões, a
página 3 tem um grid pros alunos fazerem a questão 1, as páginas
4-5 têm dois anexos, e as páginas 6-9 são o gabarito, que
evidentemente eu só acrescentei depois. A prova só tinha uma
menção às bancas de revisão - no final da questão 2 eu dizia
isso aqui, que não me parece um "ataque à banca"...
Lembre que eu vou corrigir a sua solução usando
os critérios de correção que eu expliquei no PDFzinho de "Dicas pra P1", mas as bancas de revisão de
prova costumam ignorar os meus critérios de correção e
costumam usar outros critérios - que nunca são explicados
direito.
Nas "Dicas pra P1" eu uso expressões
como "no MEU critério de correção" várias vezes, mas não consigo
ver isso como um ataque.
Pra cada aluno que pediu pra fazer requerimento de revisão de
prova eu mandei pra esse aluno a "prova PDFizada" dele, e aí ele
mandou isso pra secretaria, que mandou pras bancas de revisão.
Tem um exemplo de prova PDFizada aqui: prova
PDFizada do Marcelo. Essas "provas PDFizadas" tinham, nesta
ordem:
- a foto da página dos enunciados, com quanto o aluno tirou
em cada item,
- a foto da página com os grids onde o aluno devia fazer a
questão 1,
- os anexos e o gabarito, extraídos do PDF
pra ficarem mais legíveis,
- as fotos das folhas em que os alunos resolveram as outras
questões, com as minhas correções e comentários.
Em todas as provas PDFizadas só duas tinham alguma menção à
banca e a requerimentos de revisão de prova - as duas que tinham
coisas que eu tinha dito nestes
slides do material de introdução ao curso que eu consideraria
como "indícios fortes de cola", e que zerariam a
questão. Eu mencionei essas duas provas na reunião na minha fala
que começava no 00:56:59, e, como eu temia que iria
acontecer, as bancas de revisão realmente desanularam
essas questões que eu anulei. Clique nas imagens abaixo pra
ampliar.
- A Bel disse - no 00:50:59 - que "Nós discordamos
(...) dos critérios de correção usados pelo docente (...) por
vários dos critérios não serem compatíveis com os objetivos da
disciplina... e outro, por não ser compatível com a nossa visão
de avaliação de aprendizagem". Pelo que eu entendi o problema é
que eu estou dando pontos por "objetivos secundários" e os meus
colegas acham que eu só posso cobrar em prova os objetivos
"primários" que estão no plano de curso (PDF)
mesmo na situação atual... veja
- A Bel me recomendou - no 00:51:18 - o livro do
Luckesi. Eu li um pedação dele, não consegui ver como ele tinha
a ver com as nossas questões, e mandei um
e-mail pro grupo do RCN pedindo que ela me recomendasse
capítulos. Ela não respondeu.
- A Bel reclamou - no 00:52:21 - que algumas das
minhas questões precisavam ser respondidas num formato
específico. Eu fiquei pasmo com isso e depois eu fiz uma pergunta na mailing
list do RCN pedindo referências. A única pessoa que respondeu
foi o Rômulo, que respondeu com uma grosseria. Depois eu fiz uma pergunta na Logica-L
sobre isso e ela gerou uma
discussão bem interessante, com vários dos lógicos mais
produtivos do Brasil contando em quais situações eles pedem
soluções por métodos específicos ou em formatos específicos.
- A Bel disse - no 00:52:47 - disse que "o tipo de
resolução exigida não consta de nenhum livro da bibliografia da
disciplina". Se for o "tipo de resolução" que eu tou pensando
ele constava do anexo da prova, a gente fez ele várias vezes em
sala, a gente tinha programas em Maxima que geravam resoluções
daquele tipo, e o PDFzinho de Dicas pra
P1, que eu divulguei duas semanas antes da prova, dizia
exatamente o que os alunos tinham que treinar praquela questão
(a que valia 5.0).
- A Bel disse - no 00:53:06 - que "o aluno não
pode nem dizer `não entendi isso aqui, vou estudar pelo livro',
e isso acaba fazendo com que os alunos não estudem pelos livros,
e isso numa universidade é um contra-senso... eles são obrigados
a estudar apenas pelas notas de aula do professor". Caramba, dê
uma olhada num dos "PDFzões" de Cálculo
2, por exemplo o de 2025.1... cada "PDFzinho" começa com
um MONTE de links pra capítulos de livros, artigos, e outras
coisas! E tem bem mais coisas sobre o "o aluno não pode nem
dizer `não entendi isso aqui, vou estudar pelo livro'" na seção sobre o Termo de Ciência
e Compromisso da minha resposta pra um ofício da Engenharia de
Produção, na última página das Dicas pra
P1 e no slide "Eu não sou telepata" da introdução a C2: 2jT9.
- A Bel reclamou - no 00:53:33 - que quando o aluno
resolvia um item por um método isso valia o ponto total, e quando
ele resolvia por outro método isso valia metade. Veja a discussão sobre isso na Logica-L e
as dicas sobre a questão de frações parciais nas Dicas pra P1.
- A Bel disse - no 00:53:46 - "Que que é o método
rápido?"... lembre que a prova que os alunos fizeram tinha as
páginas 2-5 daqui, e que cada prova PDFizada
que a banca recebeu tinha esta cara: prova
PDFizada do Marcelo. A PÁGINA 4 EXPLICAVA O QUE ERA
O "MÉTODO RÁPIDO" E TINHA UM EXEMPLÃO!!!
- Bem mais adiante, no 01:44:09, a Bel disse "Que que é manga? Eu não sei o que é manga!"... ora bolas, se
tivessem me perguntado eu teria dados os links em segundos! O
terceiro e o quarto slides da Introdução a
C2 se chamam "Manga" e "Outra manga"!!!
- Eu fiz uma fala, no 00:58:16, em que eu mencionei
as duas provas com "indícios fortes de cola" - veja o primeiro
item ali em cima - e lembrei que eu escrevi isso aqui nelas, pra
ser lido pelos alunos e pela banca de revisão: "Leia os dois
últimos slides da introdução a C2, que se chamam `Não' e `Não (2)'". E eu perguntei pra
Bel: "VOCÊS LERAM ISSO?" E ela disse que não, que "não dá tempo"
(00:59:53). Caramba, essas pessoas...
- não conseguem me perguntar onde tem a explicação das
mangas,
- não conseguem ler os dois slides que eu disse na prova
que era pra ler,
- não conseguem descobrir que o "método rápido" que eu
mencionei na página 2 da P1 está explicado na página 4 da própria P1,
- e ainda apóiam coisas como o processo
administrativo contra mim, que gastou centenas de horas
de várias pessoas!!!
Será que sou só eu que acho que elas administram o tempo delas
muito mal???
- A Bel falou, no (01:01:10), "...que eu não acho
proveitosas, não acho pedagógicas, não acho instrutivas". Acho
que isso aponta pra dois jeitos diferentes de lidar com os
problemas. O primeiro jeito é a gente fingir que tudo no PURO
funciona bem, e que basta os alunos se concentrarem nas matérias
que eles precisam aprender. O segundo jeito é a gente ser bem
mais transparente - e aí os alunos vêem como a gente lida com os
nossos problemas, e eles começam a imaginar o que eles fariam no
lugar de cada um de nós, e isso acaba ajudando eles a pensarem
sobre como lidar com os problemas deles, inclusive os
problemas que eles não querem contar pra ninguém...
Me parece que quando a Bel diz "eu não acho isso
pedagógico, não acho instrutivo" ela está pensando numa
pedagogia parecida com o primeiro jeito que eu descrevi acima,
em que é melhor os alunos não verem os problemas e não pensarem
sobre eles... e eu estou jogando a farofa no ventilador porque
eu acredito mais numa pedagogia parecida com o segundo jeito
acima, em que a gente está a toda hora se imaginando no lugar
dos outros.
- A Bel falou isto aqui, no 00:59:58: "fora as
minhas turmas, imensas, de 40 e tantos alunos". Então, ó, "turmas
imensas" quer dizer sim "muitas provas pra corrigir", mas não
quer dizer necessariamente "muitas horas corrigindo provas"... a
gente adapta as provas pro número de alunos que a gente tem, e
tem um MONTE de coisas que podem fazer a gente gastar mais ou
menos tempo corrigindo provas. Aqui tem algumas:
- a gente pode decidir pôr questões de múltipla escolha na
prova,
- a gente pode decidir que vai corrigir cada questão vendo só
se o aluno chegou ou não no resultado certo,
- a gente pode decidir que vai corrigir cada questão
considerando só se a gente entendeu ou não o que o aluno
escreveu,
- se a gente achar que o que aluno escreveu numa questão tá
ruim a gente pode só pode dar uma nota baixa pra ele naquela
questão e esperar ele vir na vista de prova,
- a gente pode não preparar um gabarito escrito - o regulamento da
universidade permite que a gente só resolva as questões no
quadro,
- a gente pode preparar muitos modos de "dar um feedback
mais dirigido sobre os erros cometidos" - ou a gente pode
fazer tudo de improviso,
- a gente pode preparar - ou não - um material com dicas de
como se preparar pra uma certa prova, como as minhas Dicas pra P1,
- a gente pode decidir que já que a última reforma curricular
fez com que várias disciplinas ficassem com programas ainda mais impossíveis de serem cumpridos então a gente vai
apresentar muitos assuntos de forma bem superficial no curso
e pôr nas provas questões bem superficiais sobre eles,
- ou a gente pode decidir que já que a última reforma
curricular fez com que várias disciplinas ficassem com
programas ainda mais impossíveis de serem cumpridos
então a gente vai dar aulas expositivas densíssimas e os
alunos vão ter que se virar pra aprender tudo pelos livros,
- a gente pode decidir que os alunos só colaram quando as
respostas deles estão exatamente iguais - se um escreveu
"então" onde o outro escreveu "portanto" isso quer dizer que
eles só estudaram juntos...
E olha o final da fala dela: "e ainda ter que participar de banca
de revisão de prova, fora as minhas turmas, imensas, de 40 e
tantos alunos, eu tenho que ver o dos outros?"... não,
caramba, eu não faço a menor questão de que os meus coleguinhas
vejam como eu estou dando os meus cursos, o que eu queria mesmo
era ver como eles estão dando os deles... e a última vez que eu
vi alguma página de material dos cursos da Bel foi em 2019,
alguns meses depois disto aqui.
(Ainda preciso reescrever esta seção várias vezes
☹️☹️☹️...)
Esta fala da Bel, sobre "tom respeitoso",
(01:39:27) [Bel] É... alguns colegas já tiveram
oportunidade, é... de ver que eu me coloco à disposição, né...
sempre que as pessoas querem conversar, porque somos todos
professores do mesmo jeito, ninguém aqui é superior a ninguém e... e
aí qualquer coisa... não é ninguém ensinar nada para ninguém, é
trocar ideia, é... é convencer o outro, né, de... num tom
respeitoso, obviamente, né, sempre que possível, né... porque
quando falta o respeito eu tento me afastar, né... e me senti
desrespeitada.
precisa de uma resposta maiorzinha, e eu achei melhor pô-la numa
seção separada.
A Bel não participou da reunião
em que eu fui massacrado porque ela estava de licença na época, mas
ela certamente sabe o que aconteceu lá e acho que ela apoiou...
afinal ela foi uma das pessoas que sustentou a versão de que "os
problemas dos seus cursos nunca pararam" - veja aqui.
A sensação que me dá é que a Bel está há anos esfregando no meu
nariz que a trajetória acadêmica dela é impecável e portanto ela
pode ficar muito ofendida por
coisas bem pequenas... e como eu sou um porcalhão eu mereço presunção
de culpa ao invés de presunção de inocência, mereço infinitas coisas
como a reunião em que eu fui massacrado e processos administrativos
absurdos, mereço que ninguém olhe as provas de que as acusações contra
mim são falsas, mereço que todo mundo diga "NÃO VOU RESPONDER" quando eu peço
recomendações de livros, etc, etc...
Sei lá, a impressão que me dá é que a Bel estava dizendo que
trocaria idéias comigo se eu tivesse um "tom respeitoso", mas na
situação atual ela só consideraria que o meu tom era respeitoso o
suficiente se eu ouvisse tudo que ela tem pra dizer de cabeça baixa,
sem discordar de nada, e sem mostrar nenhuma idéia
minha... e não discordasse nem das broncas. Além disso num
momento ela diria "ah, o tempo acabou", e pronto, tchau - e além disso
eu teria que passar os anos seguintes decifrando as filigranas do que
ela disse e concordando mais e mais com as coisas que ela disse e que
eu não entendi na hora - ah, e eu não poderia
gravar a reunião.
Acho que os meus coleguinhas estão vendo reuniões como uma espécie
de ringue de luta - o objetivo deles é paralisar o inimigo com
golpes baixos pra ele não conseguir reagir, e aí em algum momento o
juiz soa o gongo, a reunião termina, e eles ganharam - a versão deles vira verdade, e eles passam a
poder dizer "você teve a
oportunidade de se defender" e "foi decidido em
reunião".
Reuniões poderiam funcionar de um jeito totalmente diferente?
Sim!!! Aquelas reuniões de um pessoal
de várias universidades durante a pandemia - que eles às vezes
chamavam de "Matemática na Universidade", e que foi onde eu fiz a
minha apresentação sobre aulas
por Telegram - são um bom exemplo...
Vou precisar de termos pra distinguir os dois tipos de reuniões.
Vou usar termos
improvisados: reuniões "de humanos" e reuniões "de zumbis".
(Falta reescrever o resto)
No mundo daquele pessoal de várias universidades que organizou
estas reuniões online durante a pandemia, que eles chamaram de - em
que - algo como a reunião em que eu
fui massacrado seria inadmissível. Deixa eu começar fazendo uns
comentários sobre isso, que vão ser curtos mas cheios de links. Vou
dividir em itens:
Eu não vejo como isso poderia funcionar - eu não entendo as broncas
da Bel e dos meus outros coleguinhas zumbis, aí eu tento tratar elas
como "isso"s, passo anos tentando entendê-las, e
no final entendo elas de jeitos que eles discordam, e eles ficam mais
putos.
Vou precisar conectá-la com umas outras idéias: o "Você não
merece" e algumas mangas - termos como "reunião" e "precisamos
conversar" querem dizer uma coisa pro Povo da Palavra
Escrita e outra coisa totalmente diferente pro Povo da Palavra
Falada.
- Neste trecho do Capítulo 1 do "O Zen e a
arte da manutenção de motocicletas" - esse capítulo não me marcou
tanto quando o Capítulo 13, que eu citei aqui, mas ele também é legal - a
gente começa a ver que o autor/narrador está há décadas tentando entender melhor uma expressão que é totalmente
óbvia pro casal que está viajando junto com ele - a expressão é "isso tudo que está aí" - mas que não é nada óbvia
pra quem pensa diferente,
- Neste e-mail
de 2018 o Rômulo disse "Eu dediquei 30 min da p____ do meu
tempo para olhar o material complementar disponibilizado" e "Minha opinião é de que o tempo gasto com a familiarização com a
linguagem vai faltar para dar o conteúdo e por fim não beneficia o
aprendizado continuado dos alunos"...
- ...esse meu "material complementar" tem
um trecho - as páginas 8-12, MpgP8 a MpgP12 - que eu uso em
quase todas as minhas matérias até hoje...
- ...porque os alunos estão chegando na universidade sem saberem
quase nada sobre como lidar com váriáveis - que na verdade é um
assunto bem difícil, veja EllermeijerHeckP6, "The meaning of
variable is variable in mathematics"...
- ...e quando a gente começa por "variáveis ligadas" dentro de
"set comprehensions" tudo se resolve. E eu até hoje ainda não
sei quase nada sobre como o Rômulo lida com variáveis nas turmas
dele - a minha única hipótese decente é que seja deste modo aqui, mas ele não
conta...
- ...e lembre que na reunião eu
que eu fui massacrado, que eu não gravei, teve um momento em
que o Rômulo berrou "EU NÃO VOU MOSTRAR NADA!!!".
Eu vou tentar comparar dois mundos diferentes: resumindo muito, o
mundo do pessoal do "Matemática na
Universidade" - vou chamá-los de "humanos" - e o mundo dos zumbis.
Se numa reunião de humanos uma pessoa A conta que está dando
Cálculo de um certo jeito e a pessoa B vê que é de um jeito
totalmente diferente do dela a pessoa B normalmente reage como o
narrador do "O Zen e a arte da manutenção de motocicletas" reagiu ao
"isso" no Capítulo 1... mas os zumbis não, os
zumbis atacam a pessoa A.
Agora vou voltar pra Bel.
Me parece que:
- os zumbis querem resolver tudo na reunião,
- e eles usam maluquices e golpes baixos sempre que acham que
precisam,
- numa hora eles dizem "o tempo acabou"...
- ...e aí eles ganharam! Reunião pra eles é como uma luta, que
quando o juiz soar o gongo soar a gente sabe quem ganhou e quem
perdeu...
(Comparar com isso aqui: a comissão é pra te
ajudar, foi decidido em reunião)
(Procurar trechos do Come Hell or High
Water que falam sobre reuniões que decidem coisas absurdas e aí o
tempo acaba)
No tempo em que eu andava muito de ônibus eu li um monte de livros de
Sociologia que eu pegava na biblioteca do PURO, e eu peguei a mania de
pensar "nossa, essas pessoas têm códigos muito diferentes dos meus -
precisamos de um sociólogo pra ajudar a gente a se entender!".
(Tem dois trechos do "On Face-Work" do Goffman aqui)
As pessoas que têm interesse em pesquisa em Matemática ou
Computação costumam funcionar assim: se a pessoa P1 quer trocar idéias
com a pessoa P2 e elas não se conhecem a pessoa P1 manda um e-mail pra
pessoa P2 dizendo "Oi! Eu sou o fulano, podemos conversar sobre o
assunto A? Eu estudo no lugar tal, sou super iniciante, mas a minha
página fica em https://aqui, e as minhas anotações sobre o assunto A
estão em https://aqui/notas-sobre-A"... e aí a pessoa P2 dá um olhada de um ou
dois minutos, raramente mais, no material da pessoa P1, e aí com isso
fica fácil elas conversarem...
Repare que isso é MUITO diferente dos códigos que a Bel tá usando...
(Localizar os trechos: só vai conversar se for tête-a-tête / não
pode ser por escrito / numa conversa em que eu não mostre nada / com
um tom respeitoso / em que eu ouça)
...o que é bem estranho, porque ela tem uma formação bem sólida em Matemática e fez bastante pesquisa...
|